Fórum Mais Milho: saiba o que aconteceu em Castro-PR

O Fórum Mais Milho foi criado para fomentar discussões sobre o milho, seu mercado, sua cadeia produtiva e suas possibilidades.

Fizemos um resumo sobre pontos importantes discutidos no Fórum que aconteceu em Castro/PR, no dia 01 de junho de 2017.

Agregação de valor ao milho

Agregar valor a um produto significa transformar a matéria-prima em outro produto com maior valor de mercado, como a transformação de milho em ração animal ou etanol. Essa transformação resulta em produtos com maior retorno econômico, gera empregos e renda por sua produção, e permite a exploração de diversos mercados.

Um consenso é que o Brasil precisa aumentar o processamento de milho internamente antes de exportar, para que o produto possa gerar ainda mais riquezas para o país e não fique tão dependente do mercado na questão de preços.

Etanol de milho

O etanol de milho foi amplamente discutido como uma alternativa viável e importante, pois usa a estrutura já existente nas usinas de etanol de cana. Além disso, o etanol utiliza 70% do milho e os outros 30% podem ser reaproveitados de outras formas, como na produção de ração para a criação de carne confinada.

Armazenagem

Alguns problemas de armazenagem apontados foram o déficit no número de armazéns, cujo crescimento não acompanha o crescimento da produção, e também a baixa qualidade de muitos deles. Nilson Camargo, consultor técnico da Faep, defendeu a criação de uma linha de crédito específica e acessível que permita a construção de armazéns em nível de propriedade rural, pois é uma solução que apresenta diversos benefícios ao produtor.

Escoamento da produção

João Vicente Bresolin Araújo, presidente da Ferroeste, comentou sobre os investimentos realizados pelo governo do estado para melhorar as operações da Ferroeste e indicou outros pontos que ainda precisam ser melhorados nas ferrovias paranaenses. Além disso, destacou os avanços para a criação de uma nova ferrovia entre Guarapuava/PR e Paranaguá/PR, e de uma extensão da Ferroeste ligando Cascavel/PR e Dourados/MS.

Luiz Henrique Dividino, presidente do Porto de Paranaguá, relatou as mudanças efetuadas para que o porto deixasse de ser um gargalo e acompanhasse o desenvolvimento do agronegócio. Todos os investimentos seguiram um planejamento com o objetivo de aumentar a competitividade do porto, que hoje é autossuficiente e superavitário. Investimentos continuam sendo realizados para tornar o serviço prestado cada vez melhor e permitir que maiores embarcações sejam utilizadas, diminuindo os custos de frete marítimo.

Fortalecimento da cadeia do milho

Norberto Ortigara, secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, comentou alguns caminhos para melhorar a rentabilidade e fortalecer a cadeia do milho, como a criação de contratos de longo prazo para que possa haver planejamento nos elos da cadeia e estabilidade nos preços, a busca pela máxima produtividade e eficiência econômica nas propriedades, uso de tecnologia, e aplicação de boas práticas agronômicas.

Sérgio Bortolozzo, presidente da Abramilho, afirmou que é necessário aproximar os produtores e os consumidores de milho, e fortalecer o diálogo entre todos os elos da cadeia para criar soluções positivas para os envolvidos sem a dependência de soluções governamentais.

Mercado internacional

É importante que o Brasil faça novos acordos e abra outros mercados para seus produtos, pois depender de poucos importadores torna o comércio internacional do país mais vulnerável. Além disso, a exportação permite que o produtor rural continue aumentando a produção sem haver redução de preços, pois o excedente não fica no país.

Foi citada também a necessidade de trabalhar o mercado internacional para outros produtos da cadeia do milho e de demonstrar que o Brasil possui excedentes exportáveis, o que diminui o risco para o país importador.

Participação do governo

O governo é responsável por manter os preços em equilíbrio, a partir da compra de produtos quando os preços estão muito baixos e da venda, quando estão muito altos. Apesar de possuir ferramentas para realizar essas operações, o ministro afirma que o Brasil não tem recursos para manter os preços equilibrados.

Flávio Turra, gerente técnico e econômico do Sistema Ocepar, aponta a necessidade de crédito rural em volume, época e juros favoráveis para manter a competitividade do setor. Hoje, o produtor brasileiro paga 9,5% de juros ao ano pelo crédito rural e precisa competir com o produtor americano, com juros de até 1,5% ao ano por linha de crédito.

Outro ponto abordado foi o Programa Estratégico de Infraestrutura e Logística de Transportes do Paraná, uma parceria entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o governo do Paraná, que visa a realização de investimentos em infraestrutura, os quais envolvem projetos rodoviários e a construção de centros logísticos.

Preservação de solo e rotação de cultura

O ministro Blairo Maggi destaca que o milho é importante na rotação de cultura com a soja, pois aumenta a produtividade da soja de 10 a 15 sacas por hectare.

Ivo Carlos Arnt Filho, presidente da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Faep, explica o fenômeno pela capacidade do milho em recuperar solos degradados.

Ambos deixam claro que o verdadeiro retorno obtido com a cultura consiste na recuperação do solo e o aumento da produtividade da soja, pois os preços do milho podem não garantir retorno financeiro ao produtor.

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